sexta-feira, 9 de novembro de 2012




por LAYNNA FEITOZA




As cadelinhas Dany e Dara eram alegres e esbanjavam disposição. A vira-lata Dany, de um ano e dois meses que foi resgatada da rua, chegou na casa da secretária Vitória Régia de Queiroz, 41, praticamente no mesmo período em que a mestiça Dara, mistura de poodle com vira-lata, de 1 ano, veio de outra residência.


Algum tempo depois, a alegria das cadelas deu lugar à apatia e à falta de apetite. Vitória, a dona, agiu rápido. Levou-as ao veterinário e impediu que Dany e Dara integrassem o rol dos cães tardiamente diagnosticados com erliquiose – doença infecciosa canina transmitida pelo carrapato – cuja estatística corresponde à morte de 80% dos cães infectados.

O início foi marcado pela percepção de algo estranho em Dany, primeiro animal a manifestar os sintomas, conforme a secretária. “Ela ficou apática super rápido, ficou triste, não pulava e não brincava, justo ela, que pulava muito. No terceiro dia vi que ela parou total de comer. No quarto dia, a levei no veterinário. Ele examinou a gengiva e a mucosa dos olhos e viu que estavam pálidas. Ela também teve diarréia”, afirmou Queiroz. Uma semana depois, a segunda cadelinha apresentou os mesmos sintomas. O exame de sangue apontou um único diagnóstico, em ambas: erliquiose.

Dany e Dara tiveram a castração adiada, por conta da erliquiose. A partir daí, foi dado início ao tratamento. “Elas foram medicadas com Doxiclina. Não foi preciso fazer transfusão de sangue, porque descobrimos a doença logo no início. Entramos direto com antibiótico e o remédio para a anemia, chamado Hemolitan Pet. Dois dias após o consumo dos antibióticos, vi que elas já estavam comendo, mais animadas”, complementou a secretária.

Após o susto, Vitória destaca que o cuidado com o ambiente é imprescindível. “Acho que a prevenção é a melhor coisa. É bom escolher uma vez na semana para limpar a casa com produtos específicos, limpeza externa e interna, e de preferência com Butox, produto veterinário utilizado para limpar o ambiente e prevenir que os carrapatos se aproximem”, afiançou Queiroz.

E o cuidado com os animais deve ser reforçado, de acordo com a dona. “Devemos separar uma vez na semana para observar o animal, conhecer. Tem gente que chega em casa e não olha o seu animal. Se eu não as observasse, eu não as conheceria e tampouco reconheceria que algo não estava certo com elas. Ainda mais com carrapato, onde é preciso analisar, vistoriar o animal com cuidado”, certificou Vitória.

Dany e Dara foram submetidas ao tratamento adequado, que dura 21 dias. Um exame de sangue será repetido nas pets, para verificar se há ainda a presença da erliquiose no sangue das caninas.



De acordo com o médico veterinário Shirlley Soares, especialista em Hemoterapia Animal e também fundador do Banco de Sangue Veterinário do Amazonas, a erliquiose é uma doença infecciosa comum, que acomete o sangue dos caninos, mas que não é transmissível aos humanos.

“A erliquiose é um hemoparasita, isto é, um parasita do sangue. O carrapato é quem carrega esta bactéria e, ao picar o cachorro, contamina o animal. O parasita destrói a integridade das células sanguíneas do cão”, afirmou o veterinário.

A erliquiose configura uma doença grave para os cães pelo índice de mortalidade canina: cerca de 80% dos cães contaminados acabam morrendo. E é pior até por não manifestar sintomas no animal, no início da doença.

“A doença é assintomática no início, só vem demonstrar sinais em estágios avançados, cujos sintomas são anemia grave, falta de apetite e emagrecimento. O cachorro vai ficando fraco e tudo é reduzido, como a imunidade natural e o peso também”, assegurou Soares.

A doença pode ser diagnosticada por meio de hemograma realizado no animal, e a transfusão de sangue se revela determinante na hora de salvar a vida dos cães com erliquiose.

“A transfusão de sangue é um recurso para salvar a vida do animal, que geralmente, ao ser diagnosticado com erliquiose, já está perto da morte. Então é uma alternativa para ganhar tempo e tratar o cachorro. Depois, o tratamento segue à base de antibióticos e suplementos antianêmicos”, contou Shirlley.



A melhor maneira de prevenir a erliquiose é eliminando o causador dela do ambiente, que é o carrapato, segundo o veterinário.

“O carrapato é um problema do ambiente. É preciso tratar o ambiente e o animal ao mesmo tempo. Tem que dedetizar a casa e aplicar no cachorro certas medicações e artifícios que combatam o carrapato no animal, como talco, óleos, e coleiras carrapaticidas (coleiras de borracha que já vem com medicação)”, afiançou Soares.

Alimentos ricos em nutrientes benéficos ao sangue são recomendados ao cão, seja ele portador ou não da doença. É preciso ficar atento à ocorrência de perda de apetite no animal, advertiu o veterinário.

“Recomendamos fígado e carne, que são ricos em ferro e combatem a anemia. Já o primeiro sinal de que o animal não está bem é quando ele para de comer, sendo aí que o dono deve agir imediatamente, levando-o ao veterinário”, ressaltou Shirlley.



O tratamento da erliquiose deve seguir até o final, pois, se não for, não eliminará a doença, fazendo com que ela volte a acometer o cachorro.

“O cão pode ter uma recaída se não fazer o tratamento direito, pois o parasita continuará agindo no sangue, e a doença não será eliminada por completo. Recomenda-se até 21 dias de antibiótico direto, sem interrupções”, disse o veterinário.

E o resgate de cães da rua também precisa ser vistoriado logo ao levar os cães da rua para a casa, não apenas em casos de erliquiose, mas também para evitar a ocorrência de outras doenças e garantir a integridade do animal e do dono, salientou Soares.

“O resgate de rua é perigoso, porque pode trazer doenças para casa e para os outros cães que residirem nela, se houver. As viroses podem ser mais graves num cachorro, porque há certos tipos que não tem cura, como a cinomose. Ao decidir levar um cão da rua para casa, é necessário levá-lo no veterinário urgente, para verificar como anda a saúde do animal e tomar as devidas providências se caso o cão estiver infectado por algo”, concluiu o veterinário.



Fonte: acritica.uol.com.br




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