quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Dieta Crua para Gatos.






por Sylvia Angélico



Gatos podem comer os mesmos alimentos crus que os cães, apenas em porções menores e sempre frescos. Eles podem comer faisão, galinha, codorna, cordeiro, carne bovina, carne suína, peru, pato, peixe, carne caprina, coelho, rato, camundongo, ovos e miúdos diversos. Assim como fazemos com os cães, devemos tentar recriar a presa inteira que seu gato comeria na natureza. Isso significa ofertar carne, miúdos e purê de vegetais frescos. Para fazê-lo aprender a gostar de miúdos, vale passar neles um caldinho de sardinha em lata ou misturar com outra carne da preferência dele.

Quando for alimentar seu gato, lembre-se de que a comida precisa estar a) fresca, e b) morna. A maioria dos gatos não tolera alimentos congelados ou frios. Eles são comedores de carne fresca e, na natureza, podem detectar o frescor e qualidade da carne por sua temperatura. Carne fria é sinal de animal morto já há algum tempo e, portanto, de carne não fresca, possivelmente contaminada. A maneira mais fácil de descongelar ou aquecer pedaços de asa ou pescoço de frango é colocar essas peças dentro de um saco e deixá-lo boiando dentro de uma vasilha com água tépida/morna (não quente) por 10 minutos. NUNCA coloque um pedaço de carne com osso no microondas para descongelar! O poder do microondas é muitas vezes subestimado e a peça acaba sendo parcialmente cozida durante o processo de descongelamento se as pessoas não tomarem cuidado. Isso pode alterar a composição do osso e torná-lo perigoso para ingestão. Em segundo lugar, microondas geralmente esquentam os alimentos de forma irregular, o que pode resultar em carne com bolsões de calor intercalados com áreas geladas. Para felinos frescos isso pode fazê-los criar aversão por alimentos crus.

A maneira mais fácil de preparar a comida do seu gato é remover a porção do freezer na noite anterior, deixar descongelando na geladeira durante a noite e antes de servir aquecer levemente usando a vasilha de água morna que citei anteriormente. Enquanto espera a carne terminar de descongelar e aquecer, vá cuidar de alguma tarefa. Mas tome cuidado com os felinos mais impacientes. Alguns gatos podem ser atrevidos e pularem sobre a pia, agarrarem o saquinho com os dentes, arrastá-lo até o chão e rasgá-lo para tirar a carne de dentro.

Quantidade e freqüência

Filhotes devem ser alimentados em porções bem pequenas várias vezes ao dia. À medida que o gatinho cresce, espace as refeições até chegar a duas por dia. Você pode continuar alimentando seu gato duas vezes ao dia ou trocar para uma vez ao dia. Depende do seu gato e da sua preferência. Eu costumo alternar entre alimentar uma vez e alimentar duas vezes ao dia; depende do alimento que tenho disponível para o gato. Em alguns dias dou um pouco de coração e fígado bovino no café da manhã e no jantar dou uma asa de frango. Na maioria das vezes, contudo, somente alimento à noite.

Alimente gatos com uma quantidade de comida equivalente a 4-6% do seu peso corporal. Como a maioria dos gatos é de pequeno porte, essa quantidade tende a ser por volta de 200g ou menos. Costumo pensar na comida dos meus gatos em termos de quanto cabe de alimento em suas barriguinhas. Minha gata come por dia no máximo meio peito de frango com uma asa anexa. Essa peça é uma polegada maior do que a palma da minha mão aberta e é suficiente para deixar a barriga dela completamente cheia e até um pouco distendida. Ela come a maior parte de uma só vez e deixa um pedaço para comer mais tarde, daqui a uma hora.

Não ofereço essa quantidade todos os dias; tendo comido tudo isso, no dia seguinte ela receberá uma refeição menor – talvez uma coxa de frango ou uma porção de coração e fígado bovino.

O melhor a fazer é monitorar o peso e formato do corpo do gato. Se ele começar a parecer muito magro, com as costelas aparentes, aumente a quantidade de comida. Se estiver ficando meio roliço, diminua o volume das porções. Em pouco tempo, você descobrirá quanto seu gato precisa comer para se manter no peso ideal. Alguns gatos comem somente o que precisam, deixando o restante das refeições uma vez que estejam satisfeitos. Outros gatos, glutões, nunca deixam nada no prato. Esses últimos você precisará monitorar.

Onde alimentar e outras logísticas

Você pode alimentar o gato onde quiser. Na cozinha, em cima da máquina de lavar, no banheiro, no quintal, etc. Você pode alimentá-lo usando uma tigela – embora minha gata pegue a asa de frango para comer fora do prato. Minha preferência pessoal é alimentar sobre um tapete plástico (tipo um jogo americano) que separei somente para esse fim. Assim o gato arrasta a peça de carne com osso para essa plataforma. Isso evita que o chão fique sujo e torna o local da refeição de fácil limpeza. A vasilha dela é útil para mim. Uso-a para misturar um ovo para ela ou para servir um pouco de sardinha em lata de vez em quando. Já peguei minha gata tirando proveito da vasilha ao comer um meaty bone de formato inconveniente. Ela posiciona a peça de modo a deixar metade dela para fora e assim pode mastigar a parte que aponta para o ar, fora da vasilha. Mas, basicamente, onde você alimenta, que tipo de vasilha/pratinho/tigela você usa e os ingredientes oferecidos dependem de você e do gato.

Mantenha sempre água à disposição do seu gato. Você provavelmente notará que, comendo uma dieta natural, o gato beberá muito menos água do que antes. Isso é normal, já que a comida crua contém muita água. Troque a água diariamente.

Gatos difíceis

Recomendo a qualquer um que entre para a lista de discussão RawCat, do Yahoo e que visite o site www.rawfedcats.org para obter ótimas informações sobre alimentação crua para gatos. Alguns gatos podem ser notoriamente difíceis de trocar devido à sua natureza seletiva e também por estarem habituados à dieta anterior. Alguns gatos mais velhos preferem a alimentação antiga à carne crua, mesmo depois de estarem comendo a nova dieta há um tempo.

Gatos idosos

Trocar a dieta de gatos velhinhos pode ser complicado, dependendo do gato e de quanto tempo faz que ele vem comendo a dieta anterior. Mas há várias maneiras de tentar a troca.

Em primeiro lugar, se você criou seu gato com alimento à disposição o dia (e a noite) inteira, corte esse hábito imediatamente. Coloque seu gato em uma rotina de duas refeições por dia, oferecendo o alimento em dois horários apenas (por exemplo, de manhã e à noite) por 15 minutos. Comece diminuindo para três refeições por dia e depois corte para duas. Chacoalhe o pote no horário em que for oferecer a refeição e chame-o para que ele coma e não fique de estômago vazio esperando a próxima refeição. No começo ele poderá miar pedindo a volta a dieta anterior que ficava à disposição dele – mas resista. É muito mais fácil mudar a dieta de um gato com horários pré-determinados para comer.

Veja se seu gato aceita pedacinhos de peito de frango cru como petisco. Corte os pedacinhos bem pequenininhos, Se ele aceitar, ótimo. No dia seguinte você já pode começar com ele da maneira como ensinei para fazer com o gatinho filhote.

Se seu gato come pedaços de carne crua como petisco, mas não como refeição, talvez você precise oferecer a ele uma “refeição” de pedacinhos de frango cru primeiro e depois uma refeição com a dieta anterior. A medida que o gosto e a tolerância dele para alimentos crus aumentar, ofereça quantidades maiores de carne crua e diminua a quantidade de da dieta anterior. Logo, ofereça apenas carne crua em cada refeição, e parta para refeições com alimentos crus mais detalhados, tal como especifiquei para o filhote. É importante se livrar de qualquer traço da alimentação de antes (ex: pacotes) para que o gato não veja e nem sinta o cheiro e perca mais rápido possível qualquer vínculo com a alimentação de antes. Mantenha no armário uma ou duas latas de atum para caso o gato decida sair da dieta crua. Misturando um pouco de carne ou caldinho de atum, você ajuda a tornar os alimentos crus apetitosos novamente. Mas lembre-se de sempre manter uma certa quantidade de carne crua quando usar esse artifício.

Se o gato passar a rejeitar alimentos crus e não apresentar motivo óbvio para fazê-lo (por exemplo, resfriado, dor), passe a dar uma refeição ao invés de duas. Se ele não quiser a comida crua da próxima vez que você a oferecer, tente pingar um pouco de caldinho de atum. Se mesmo assim ele não quiser, tente misturar um pouco de atum com a carne crua. Se ele ainda não quiser comer e já fizer 24 horas desde a última refeição dele, você precisará comprar uma latinha de alimento comercial de boa qualidade a fim de que ele coma alguma coisa. Mas não dê somente esse alimento; junte a carne crua e misture tudo. Assim ele continua com a nutrição e a textura da comida fresca. Tente fazê-lo voltar para a dieta crua o mais depressa possível. Às vezes, basta mudar a fonte de proteína e pronto. Os gatos podem enjoar de frango e querer algo diferente.

Recusas

E se o seu gato não quer comer carne crua de jeito nenhum? Primeiro, mude seu gato para uma alimento úmido, de lata. Comece misturando um pouco deste produto da latinha à ração seca dele e depois vá reduzindo a quantidade de ração seca e aumentando o volume da outra, até que ele esteja comendo apenas a ração úmida. Depois, misture a comida úmida com a carne crua. Misture nela um pouco de peito de frango cortado, e gradativamente aumente a quantidade de comida crua até que o gato tenha somente frango cru para comer. Depois aumente o tamanho dos pedaços para que ele aprenda a comer um pedaço inteiro de frango cru. A partir desse momento, comece introduzindo gradativamente outras peças de frango, e talvez outras fontes de proteína, como carne suína e introduza um meaty bone. Você pode esmagar o meaty bone com um martelo para ajudar a quebrar um pouco os ossos no começo – assim pode ficar um pouco mais fácil para o gato.

Ossos

Alguns gatos repudiam ossos. Ossos são uma parte absolutamente necessária para uma dieta crua, pois proporcionam cálcio e outros minerais e ajudam na limpeza dos dentes. Osso moído ou pó de casca de ovo – assim como suplementos – podem oferecer cálcio aos gatos que se recusam a mastigar e ingerir ossos. Mas o ideal mesmo seria insistir para que o gato aprenda a comer meaty bones. De qualquer maneira, antes de oferecer ossos, verifique a boca do seu gato. Certifique-se de que não há dentes quebrados e sensibilizados pela dieta anterior.
As regras:
Gatos devem ser alimentados com uma variedade de carnes cruas e meaty bones. Oferecer apenas uma fonte de carne não é bom – o gato não obterá todos os nutrientes. Pedaços menos nobres, com tecido conjuntivo e um pouco de gordura são muito melhores do que carne pura.
Para cada 90 a 95 gramas de carne que você oferecer, acrescente de 5 a 10 gramas de purê de vegetais crus. Os gatos evitam comer vegetais a todo custo, mas você pode passar o purêzinho na carne de modo que o gato não terá como separá-la do resto e acabará comendo tudo junto.
Quantidade: ofereça quantidades próximas às que você oferecia de ração úmida ou 1.5 vezes o volume de ração seca que ele comia antes.
Ofereça asas de frango cruas uma ou duas vezes ao dia. Asas de frango cruas são facilmente mastigadas e digeridas. É muito improvável, mas não impossível, que os ossos fiquem presos no intestino. Se você não der ossos, contudo, os dentes do gato não serão limpos e ele com certeza precisará passar por uma cirurgia com anestesia geral para limpá-los.
Caso não se sinta seguro em oferecer ossos inteiros, peça para o açougueiro moer peças como asas de frango ou pescoço de frango. Essa opção, no entanto, não limpa os dentes.
Ofereça vísceras (rim, coração, pulmão ou fígado) uma vez por semana no lugar da carne. Lembre-se: na natureza, as presas abatidas contêm vísceras e carne. É uma parte necessária de uma dieta balanceada. Varie esses miúdos semanalmente.
Não ofereça cereais crus – apenas cozidos e, mesmo assim, evite-os.
Para fazer os purês, escolha quaisquer legumes ou verduras (folhas verdes são opções muito nutritivas), frutas e saladas e bata um ou dois desses itens no liquidificador. O importante é variar semanalmente. Bata até virar um purê, se necessário, acrescente um pouco de água para ficar mais líquido. Espalhe na carne na proporção de 9-9.5 de carne para 1-1.5 de purê.
Quebrando as regras


Se você não se sente bem oferecendo carne crua, tente cozinhá-la levemente com azeite de oliva.
Purês de vegetais duram 48 horas na geladeira, então se você decidir fazer os purês na hora, você precisará bater legumes para fazer purês três vezes por semana. Apenas se lembre que após a liquidificação, os purês perdem muito dos seus nutrientes. Para evitar ou mesmo minimizar essa perda, bata os purês e coloque-os nos espaços para gelo de uma bandeja de gelos vazia e ponha para congelar. Deste modo, você consegue tirar a quantidade que precisa todo dia.

Receios

Algumas autoridades estão preocupadas com a alimentação de gatos com carne crua. Eles afirmam, sem nenhuma boa justificativa, que esse hábito pode levar os gatos à infecção com patógenos transmissíveis às pessoas. Acredito que os gatos são capazes de lidar com um nível baixo de contaminação em seus alimentos. Acredito que eles podem comer alimentos crus sem impor maiores riscos à saúde humana. Até porque se um gato é regularmente alimentado com uma dieta crua, acredito que ele será mais saudável e melhor preparado para lidar com patógenos.

Dr. Nick Thompson – www.ukbarfclub.co.uk | Traduzido e adaptado por Sylvia Angélico

5 comentários:

  1. Já li em fóruns que não se deve dar carne crua de frango. Minhas gatas gostam de ganhar pequenos pedaços de peito de frango cru, como um petisco. Está errado?

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  2. Já tive gatos que viveram mais de 20 anos e na dieta deles sempre teve carne, frango e peixes crus. Nenhum teve problema. Continuo oferecendo esses alimentos aos novos e eles adoram!

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  3. Já tive gatos que viveram mais de 20 anos e na dieta deles sempre teve carne, frango e peixes crus. Nenhum teve problema. Continuo oferecendo esses alimentos aos novos e eles adoram!

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  4. Excelente postagem!!! Super informativa. Obrigada pelas orientações!

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  5. Meu gato está dodoi é eu estou dando fígado cru será que faz mal, mais ele adora

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